Tonio Bassin Filho, 28, trabalha no centro de São Paulo e mora no bairro de Aricanduva, na zona leste de SP. Baladeiro, toda noite ele está no Tatuapé. “Amo isso aqui. A comida é boa, o agito não para, a bebida é honesta, e a mulherada…”
As ruas tranquilas do Tatuapé transfiguram-se a partir das 17h, quando os bares começam a por as mesas e cadeiras na calçada.
“O sono dos moradores? E quem é que está preocupado com isso?”, reclama a bancária Valdete Bergamo, 49, habitante do bairro há 20 anos. “O pior é que a confusão estende-se madrugada adentro. E vai até as 3h.”
A pesquisa Datafolha detectou o problema da barulheira que vem afetando exatamente a área mais nobre da zona leste, os distritos do Tatuapé, Mooca e Água Rasa, com apartamentos negociados por até R$ 4 milhões.
Os moradores do Tatuapé deram a nota 4,5 para este item (era 5,3 há quatro anos). A nota já é mais baixa do que da cidade (4,9).
Em boa medida, o que aconteceu no Tatuapé assemelha-se ao fenômeno ocorrido na Vila Olímpia (zona sul), em que galpões de antigas fábricas foram comprados por incorporadoras para se construírem condomínios de luxo.
Habitante do Tatuapé desde que nasceu, o consultor de combustíveis Allan Derik, 39, lembra-se: “De noite, aqui era como se fosse uma cidade do interior de tão tranquilo”.
Com a chegada dos novos moradores, abriram-se concessionárias de veículos vendendo Porsches, SUVs, Jeeps. E, há dois anos, começou o boom dos barzinhos descolados, onde se pode pedir tábua de jamón pata negra, ceviche de salmão e robalo, cervejas importadas, fazer degustações de uísques e maltes, provar ruedas de tapas e sushis –muito sushi.
Fonte: Folha.com